13/08/2010

Inevitável



Na grande maioria das vezes, somos totalmente incapazes de notar as bênçãos que recebemos. DEUS tem um modo muito singular para nos alimentar espiritualmente e nem nos damos conta disso.



Na ânsia de querer tudo sempre à mão, no tempo e na hora em que escolhemos, perdemos grandes chances de sermos mais felizes. Tudo, tudo tem absolutamente seu tempo certo na vida. E é muito triste quando não entendemos que o tempo de “deixar ir”, “deixar sair de si” é o melhor remédio para saciar a sede da alma.

Se eu, na minha humilde tentativa de escrever, pudesse plagiar alguém, ousaria citar as palavras perfeitas de Florbela Espanca: “o meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!”

Minha alma é vasta. Meu corpo carrega marcas muito além dos meus 35 anos. Sim, sou intensa! Minha intensidade ora encanta, ora assusta. (Pior ou melhor para você!) Meu pensamento é amplo. Escuto muito além do que me dizem. Sou exigente, quero sempre o melhor. Meu mundo é completamente distinto dos demais. É único. No meu peito, em alguns momentos, arde uma angústia antiga, datada não do meu nascimento, mas de épocas bem mais remotas. Meus sorrisos são magnânimos. Abrangem o infinito e percorrem densamente a retina daqueles que conseguem me ver de verdade. Exalto aos céus meus sentimentos e calo meus medos ilógicos. Não tenho medo de ser vista como louca, ou de fazer algo que não combina com o raciocínio comum. Nesse tsunami de ser eu, me perco na saudade de um tempo ido ou ainda por vir...

Com as decepções vamos calejando nosso coração. Proteger-nos do tudo e do nada, parece então, a melhor solução. Ao passo que, a vida toma as rédeas e mostra caminhos tão impressionantes e ao mesmo tempo tão inseguros, podemos concluir que toda a experiência que temos nunca será suficiente o bastante para nos manter, de fato, protegidos de novos dissabores.

Nesse exato momento, quando estamos acuados, é necessário dar um tempo. Ficar só. Ouvir o próprio coração. Aprender a reconhecer o seu ritmo ou a mudança deste. A verdade nem sempre é perfeita, mas sem dúvida alguma, precisamos encará-la ou o tombo será em proporções maiores e inevitavelmente mais doloroso.

As feridas deixam marcas profundas, envelhecem a tez, mas, em contrapartida engrossam as fibras do ser. É através delas que podemos ver que onde você envergava o sol, havia nuvens pesadas. Onde você via o perdão, havia remorso apenas. Onde você colocava doação, reinava o egoísmo. E o que é mais triste, onde você acreditava ter o amor, só restava vaidade.

Fica irresistível não sofrer com tudo isso. Restam apenas dois caminhos a seguir. Desistir e recomeçar. Insistir, perder a dignidade e sofrer mais. Ou você escolhe um. Ou você escolhe outro. É aí que é importante ver a sutileza da Mão de DEUS nos dando uma dica, um aviso, um sinal de alerta: Opa, filho(a), você é minha melhor criação, vai se dar conta disso ou vai seguir atrás das promessas vãs?

Afinidade não é sinônimo de carinho. Sintonia não rima com respeito. Prazer por prazer não tem nexo. E nem faz bem à pele. Definitivamente, não! As oportunidades foram todas dadas. Tecer sonhos irreais é doentio. Manter o olhar preso às magoas do passado não é a solução adequada.

Naufragar o navio parece meio radical, trágico, doloroso, cruel... e fundamental. Não salve nada. Não vale a pena levar na bagagem resquícios do que se foi. Engula em seco. Respire lenta e profundamente. Sufoque o amor lá dentro. E quando o vir afundando e sendo engolido pelas águas, grite intensamente um belo e sonoro: ADEUS!

Não posso lhe garantir que será indolor. Seria leviano de minha parte. Mas, asseguro que com o passar dos dias a dor se torna mais leve, mais leve e mais leve... até deixar de existir e você poder olhar para isso tudo e tão somente ensaiar um sorriso tímido que vai se transformar numa estrondosa gargalhada que te mostrará que está pronto para mais uma grande aventura humana e espiritual.

Quando o medo de tentar de novo quiser lhe fazer recuar, lembre-se que “faz parte da condição humana errar de vez em quando” e quando tudo o mais não dá resultado ELE nos carrega carinhosamente em SEU colo.

Beijos muitos e até logo!



"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente."