02/06/2008

Um dia depois de outro dia...

Eu queria ser poeta. Queria poetar e dizer com as mais bonitas palavras que vivi um amor inesquecível, maravilhoso e único. Mas como não sou poeta, através das minhas parcas palavras vou dizer pra todo mundo o que senti nos 11 anos e 4 meses que tive ao meu lado o homem da minha vida.

Por que? Para que cada um possa olhar para o lado e ver a pessoa com quem vive e fazer dos momentos juntos os mais preciosos. Simplesmente isso. Muitas vezes, passamos tanto tempo com alguém que nos acostumamos, deixamos a rotina tomar conta e nem percebemos que cada dia é um dia único. Todo dia é dia de ser feliz. Mesmo que se tenha contas a pagar. Mesmo que o dinheiro seja curto. Mesmo que os filhos estejam chorando durante a noite. Mesmo que as idéias sejam diferentes. Mesmo que todos os problemas do mundo existam, todo dia é definitivamente dia de ser feliz quando se ama alguém de todo coração.

A proximidade do dia dos namorados tem me feito chorar. Chorar com os anúncios bonitos. Chorar com os preparativos das pessoas ao imaginarem uma forma nova de presentear. Não é um choro egoísta, nem invejoso. Não mesmo. Gosto de ver as pessoas felizes. É um choro de saudade. Saudades do tempo em que vivia isso. Pintava o espelho da sala: “Amor, seu presente está no nosso quarto. Vá até lá e se delicie.” No quarto, além de todo o amparato como vinho, frutas, presentes, estava a mulher que amava (e ainda ama) aquele homem vestida apenas com um laço de fita.

Ah, “tô com saudades de tu, meu desejo, tô com saudade do beijo e do mel, do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de passear no teu céu...” Como era bom passear naquele céu, como era bom percorrer cada aventura que ali me esperava. Como era bom ser abraçada por braços protetores que acolhiam minhas angústias e aplaudiam minhas conquistas. Como era bom me enxergar refletida no seu olhar. Como era bom encaixar minhas mãos nas deles. Era o encaixe perfeito!

“É tão difícil ficar sem você...” Sim, como é difícil ficar sem aquele homem. Antes, nosso filho não perguntava muito pelo pai. Hoje em dia, pergunta sempre, praticamente todos os dias. Ele também sente saudades. A saudade dele dói em mim também. Viveram apenas 5 anos juntos, mas foram intensos e de enorme cumplicidade. Faço tudo que posso, o acompanho ao futebol, participo das reuniões na escola, tento explicar o mundo, mas quando os grandes olhinhos negros me perguntam sobre o pai, não dá... as lágrimas correm fácil. Nem sempre na frente dele, já que não quero criar mais traumas, mas elas sempre escorrem por minha face. Principalmente quando ele fala do pai no tempo presente e responde que é da mamãe Karine e do papai Osmar. Ele não esquece e sente como se o pai ainda fizesse parte de nosso convívio. (Isso aperta ainda mais o coração... que além da dor de mulher, sente a de mãe, sente a dor pelo filho e sente essa por saber literalmente o que é crescer sem pai...)

Ando pelas ruas, pelos lugares que estivemos juntos e fico imaginando o que ele me diria sobre tudo. Como estou dirigindo. Como estou agindo como mãe. Como estou administrando os negócios. Como está se saindo o governante que escolhi. Como estou levando a vida. Na verdade, tenho uma frustrada esperança de ouvir sua voz me aprovando ou não. Mas ouvi-la seria uma grande felicidade...

“O teu amor é gostoso demais, teu cheiro me dá prazer...Quando estou com você... estou nos braços da paz.” É, já se foram 1 ano e 9 meses da partida dele, mas sinto falta da paz do nosso abraço. E me pergunto ainda: tínhamos planos bonitos juntos, procuravamos ajudar a nós mesmos e aos outros. Gostávamos da vida simples que levávamos. Por que fomos separados?
Pergunta sem resposta, eu sei...

“Pensamento viaja e vai buscar meu bem querer...” Tenho brincando de viver feliz. De sorrir pela manhã. De ir para o trabalho entusiasmada. De estar junto ao nosso filho sempre brincando, corrigindo, limitando, sorrindo. Como sempre fizemos. De voltar pra casa tranquila. Alguns dias consigo. Em outros, não. Mas não desisto. Ainda quero lembrar de você apenas com um sorriso e não com essa lágrimas que salgam a minha vida e me lembram que saudade nem sempre é uma palavra feliz... em alguns casos, ela amarga, machuca e nos deixa muito, muito solitários.

“Tô com saudades de tu, meu desejo...”


***

Pessoas Lindas,

Como Clarice Lispector diz: “quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.” Não procuro entender as dores do mundo (e minhas), procuro viver bem o dia-a-dia, buscando sempre o equilíbrio entre os problemas reais e o que o meu coração sente.

Viver pra mim é estar sempre apaixonada, seja por alguém, pelo trabalho, pela literatura... enfim é estar com olhos cheios de vida.

Apesar das lágrimas, não sou uma pessoa baixo-astral... não, não mesmo! Tento ver o lado positivo de tudo (como é difícil) mas eu sempre tento! Adoro sorrir, aliás, quem me conhece pessoalmente já sabe das minhas famosas e sonoras gargalhadas e o meu jeito de achar que a vida pode e deve ser sempre maravilhosa!


Beijo muito Karinhoso e uma semana de muito amor!