18/06/2012



Outono

“... Bom dia! Lindo dia de outono. Já estou na estrada e, você comigo.


Outono. Pleno outono.  Ele chegou. Olhos vivos, brilhantes.  Ascendeu firme. Determinado. Cheio de atitude, mas suave. Como uma brisa mansa. Daquelas que sopram e enternecem a tudo e a todos com seu hálito fresco.

Ao aproximar-se, exalou um cheiro doce e branco de paz. Mesclou a segurança de quem sabe a que veio com a vastidão de quem quer e sabe amar. Ressonava confiança e carecia também ser amado.

Não pediu licença. Entrou. Sentou-se sorrateiramente na soleira da porta entreaberta. Nos lábios, o ar de quem veio ocupar o lugar que há muito desejava. Nos olhos, a certeza de alcançar o êxito. Plantou-se ali. Fincou as raízes no mais profundo vão que encontrou dentro daquele coração esperançoso, sedento de afeto. 

Deixou-se regar de ternura e mel. Desabrochou de um modo especial. Avassalador. Tomou conta de todos os espaços. Declarou-se rei. Um verdadeiro “leão” a reinar por terras áridas. Rápido, célere como um “coelho” selou o compromisso de ali morar, fixar a vida.

Olhou para dentro de si. Chegou bem perto de seus abismos pessoais. Acercou-se dos seus traumas passados. Decidiu seguir em frente. Não dado por satisfeito, invadiu também meus mistérios sagrados. Conheceu aquilo que se foi e, sobretudo, respeitou o que permanece de forma terna.

Cresceu. Assustadoramente, mas sereno. Por mais paradoxal que pareça, é possível florescer no outono. Apesar dos dias mais curtos e frios. Ainda que seja tempo da vida se refazer e desfolhar. Embora, seja complexo, o céu do outono é mais azul. A imensidão do azul faz renascer, brotar o renovo. E, nesse tempo, em que o brilho do pôr-do-sol é especial, mais dourado, mais vermelho, o amor tornou-se vida e pleno. 

Travesso, brincou com a magia. A magia de acreditar no bem. De viver o bem. De enfim, ser o bem. Agarrou-se à esperança de ser ainda melhor e bom. Sabia que podia vacilar. Talvez até fraquejar. Contudo, desistir, jamais! Ao lado, uma mão macia, densa, intensa o ampararia. Juntos, de mãos dadas, olhos confiantes no horizonte, “numa dependência boa,” rubra, profunda, “daquilo que nos faz sentir vivos”, seguiram. 

E seguirão. Sempre! Felizes! Em sintonia, vibrando na mesma frequência. A do amor. Do amor que ama. Ama e floresce em pleno outono. E perdurará por verões, invernos e primaveras. Sem fim! 

By Karine Leão 18/06/2012 14:11

"Amor tem outro cheiro. Outra natureza. Outra frequência. Outro chamado. É para ser luz pra dois, com todas as sombras de cada um."

E, de repente, não mais que de repente, voltei a escrever. Porque nasceu dentro de mim o desejo. A inspiração. A vontade de externar em palavras aquilo que sinto, vibro e penso.

Saudades daqui. Do meu Ponto. 
Saudades dos que me leem.
Saudades...

Beijos muitos!