Outono
“... Bom dia!
Lindo dia de outono. Já estou na estrada e, você comigo.”
Outono. Pleno
outono. Ele chegou. Olhos vivos,
brilhantes. Ascendeu firme. Determinado.
Cheio de atitude, mas suave. Como uma brisa mansa. Daquelas que sopram e
enternecem a tudo e a todos com seu hálito fresco.
Ao aproximar-se, exalou um cheiro doce e branco de paz.
Mesclou a segurança de quem sabe a que veio com a vastidão de quem quer e sabe
amar. Ressonava confiança e carecia também ser amado.
Não pediu licença. Entrou. Sentou-se sorrateiramente na
soleira da porta entreaberta. Nos lábios, o ar de quem veio ocupar o lugar que
há muito desejava. Nos olhos, a certeza de alcançar o êxito. Plantou-se ali.
Fincou as raízes no mais profundo vão que encontrou dentro daquele coração
esperançoso, sedento de afeto.
Deixou-se regar de ternura e mel. Desabrochou de um modo
especial. Avassalador. Tomou conta de todos os espaços. Declarou-se rei. Um
verdadeiro “leão” a reinar por terras áridas. Rápido, célere como um “coelho”
selou o compromisso de ali morar, fixar a vida.
Olhou para dentro de si. Chegou bem perto de seus abismos
pessoais. Acercou-se dos seus traumas passados. Decidiu seguir em frente. Não dado
por satisfeito, invadiu também meus mistérios sagrados. Conheceu aquilo que se
foi e, sobretudo, respeitou o que permanece de forma terna.
Cresceu. Assustadoramente, mas sereno. Por mais paradoxal
que pareça, é possível florescer no outono. Apesar dos dias mais curtos e
frios. Ainda que seja tempo da vida se refazer e desfolhar. Embora, seja
complexo, o céu do outono é mais azul. A imensidão do azul faz renascer, brotar
o renovo. E, nesse tempo, em que o brilho do pôr-do-sol é especial, mais
dourado, mais vermelho, o amor tornou-se vida e pleno.
Travesso, brincou com a magia. A magia de acreditar no
bem. De viver o bem. De enfim, ser o bem. Agarrou-se à esperança de ser ainda
melhor e bom. Sabia que podia vacilar. Talvez até fraquejar. Contudo, desistir,
jamais! Ao lado, uma mão macia, densa, intensa o ampararia. Juntos, de mãos
dadas, olhos confiantes no horizonte, “numa dependência boa,” rubra, profunda, “daquilo
que nos faz sentir vivos”, seguiram.
E seguirão. Sempre! Felizes! Em sintonia, vibrando na
mesma frequência. A do amor. Do amor que ama. Ama e floresce em pleno outono. E
perdurará por verões, invernos e primaveras. Sem fim!
By Karine Leão 18/06/2012 14:11
"Amor tem outro cheiro. Outra natureza. Outra
frequência. Outro chamado. É para ser luz pra dois, com todas as sombras de
cada um."
E, de repente, não mais que de repente, voltei a escrever. Porque nasceu dentro de mim o desejo. A inspiração. A vontade de externar em palavras aquilo que sinto, vibro e penso.
Saudades daqui. Do meu Ponto.
Saudades dos que me leem.
Saudades...
Beijos muitos!
Ká
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