Eu? Eu! Eu...
Sempre pensei me conhecer bem. Meus gostos, desgostos. Minhas aspirações, desejos, sonhos. Meus medos, vontades e até mesmo, imaginei saber de cor os meus limites.
Hoje, aos 3.5 (quero descobrir porque ando frisando tanto minha idade) quero me re-encontrar comigo mesmo, viajar para dentro de mim e saber exatamente quem sou.
Entre minhas crenças, imaginava ser mais forte do que sou. Acreditava-me capaz de superar todo e qualquer obstáculo que aparecesse no caminho. Ledo engano. Sou bem mais frágil do que aparento.
Na realidade, com o decorrer dos anos e principalmente das dificuldades e perdas vividas, criei uma Karine para me representar e/ou me defender do mundo e das dores. Tal personagem foi talhada para ser forte, inabalável, dona de si, muitas vezes, arrogante e bem prepotente. Ela jamais fala de seus sentimentos e por isso mesmo, não sofre. Fica indiferente frente às emoções e sempre tem razão. Sempre!
Simultaneamente, meu eu real absorve e sofre as consequências do seu pseudo "eu". Creio que tudo isso situa-se numa confluência de paradigmas do passado, onde a menina que vivia dentro de mim foi cruelmente mutilada pela abstinência de carinho familiar. Tudo, tudo forjado para que cada dor sentida não me destruisse tenramente.
Eis-me aqui hoje. Como doutora da minha vida. Despedi essa Karine criada. Não a quero mais perto de mim. A experiência nos ensina a dar adeus à hipocrisia. Choquei-me espantosamente ao refletir risadas frenéticas, olhares sofridos pedirem escandalosamente socorro e ver em meus gestos o quanto a solidão me assola.
Quero assumir-me do jeito que sou: frágil, mas valente, não tenho medo de enxergar meu reflexo no espelho e mudar-me por inteiro.
Consciente de que não vivo para me arrepender. Fico muito triste porque acabou, muito embora sempre fico feliz por ter acontecido.
Plagiando Miss Lispector "sou composta por urgências, minhas alegrias são intensas, minhas tristezas absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."
Muitas pessoas me fazem sofrer. Outras não terão mais essa oportunidade. Outras ainda me farão derrubar muitas lágrimas. E mesmo assim, ainda vou me preocupar com elas.
O contrário também acontece. Várias pessoas me fizeram feliz. Várias outras, não terão mais essa chance. Infelizmente. E ainda várias outras me farão sorrir. Muito!!!
Amo meus quatro ou cinco amigos(as) verdadeiros(as). Existem três pessoas pelas quais eu daria a vida. Sinto imensas saudades de pessoas que eu perdi e não gastei todo o meu amor com elas. Entre essas, a saudade mais doída: meu pai.
AMO demais e profundamente meu filho. Amor pleno, puro, verdadeiro, único.
Aprendi que chorar muito dá rugas e aos 3.5 tenho que me cuidar mais! Não vale a pena derramar lágrimas por quem não me merece.
Entendi que mereço mais. Nada a menos. Nada em excesso. O destino escolhe quem entra em minha vida, mas eu determino quem fica. Só fará parte da minha história quem realmente fizer a diferença. Dispenso a figuração, no meu elenco, quero só os protagonistas.
Compreendi que julgar as atitudes alheias é péssimo e nos conduz à mesquinhez e atrapalha o próprio crescimento. De hoje em diante, meus esforços estarão concentrados em mim. Nas minhas atitudes. Nos meus passos. No que posso fazer de melhor. Até porque cada um de nós é seu próprio juiz.
Descobri que nem sempre sou quem pareço ser. Mas gosto do que vejo no espelho. E gostarei ainda mais do que verei. Especialmente no espelho interior. E o que não gosto, é só literalmente lipoaspirar do corpo e da alma.
Apaixonei-me por mim. Isso foi uma das melhores coisas que podiam ter me acontecido. Sei que desperto amor e aversão. Fazer o quê? Simples: me ame ou me odeie. Contudo, me respeite!
Gosto da verdade. "Não suporto mentiras. Mande sempre a verdade e o troco em balas."
No momento, tenho pensado MUITO em mim e isso está me fazendo MUITO BEM! Ao agir assim, entendo-me cada vez mais, fico livre de neuras e posso pensar nas outras pessoas. Sem remorsos ou arrependimentos. Sem raiva. Com amor. De maneira leve e suave. "Eu não desperdiço pessoas. Não comprei máscaras, não construi muros, não criei escudos. Por isso fui a nocaute algumas vezes."
"Ando desarmada, mostro quem eu sou. Espero que goste e que amanhã faça Sol. Se não gostar ou se chover, não muda nada."
É por aí... esta sou EU! Muito prazer, Karine Leão!
"Guardo as primeiras impressões, mas só considero as últimas."
Então... é isso: Beijo, me liga!
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